Trilha sonora de “Tito e os Pássaros” é destaque em festivais ao redor do mundo
Um menino de 10 anos empenha-se, ao lado de seu pai, no combate de uma epidemia em que as pessoas se tornam doentes após serem assustadas. Esse é o enredo da animação “Tito e os Pássaros”, do trio de diretores Gustavo Steinberg, Gabriel Bitar e André Catoto, que conta com a produção musical da Ultrassom Music Ideas, empresa participante do Brasil Music Exchange (BME), projeto de exportação de música brasileira, realizado por meio de uma parceria entre a Brasil, Música & Artes (BM&A) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
A ideia surgiu de uma pesquisa de Eduardo Benaim, que estudou o círculo vicioso entre a cultura do medo, a segregação social e a indústria de segurança. O longa demorou cerca de oito anos para ser realizado e, ainda que não tenha sido oficialmente lançado, foi premiado no Anima Mundi, e participou de eventos como a mostra competitiva do Festival de Annecy, na França, e o Festival Internacional de Cinema de Toronto. Essa não é a primeira vez que a Ultrassom se envolve em uma animação de sucesso internacional: a empresa também foi responsável pela trilha de “O Menino e o Mundo”, indicada ao Oscar de melhor animação.
Ambos os projetos foram encabeçados pela dupla Gustavo Kurlat e Ruben Feffer. “Sem dúvida termos criado a trilha de ‘O Menino e o Mundo’ ampliou muitíssimo o reconhecimento e o alcance do nosso trabalho, seja pelas premiações - sendo a indicação ao Oscar a de maior peso -, seja pelo grande número de países nos quais o filme foi distribuído”, diz Gustavo.
“Tito e os Pássaros” apresenta um visual que lembra uma pintura expressionista e tem trilha sonora orquestrada, a qual foi gravada em diversos países, com a participação do maestro Vítor Zafer. “Desenvolvemos um tema principal que associamos a Tito e seu mundo ‘torto’, com uma métrica de 13/8 para aumentar esse desconforto. Criamos um tema de abertura baseado em uma única nota aguda constante, e uma sequência de quatro notas lentamente pulsantes graves, numa sequência que já indica tensão. Tivemos também um tema para os vislumbres e possibilidades de uma solução aos problemas”, detalha.
A animação musical encontrou espaço no cenário internacional e a parte musical recebeu diversos elogios. “Várias pessoas comentaram que é um dos destaques do filme. Nos textos de divulgação internacional, eu e o Kurlat somos apontados como os criadores. Então, várias portas internacionais se abriram para nós. O mundo está de olho na animação nacional e a rilha sonora faz parte disso”, assegura Ruben.
Sobre os desafios em criar — com essa possibilidade de alcance internacional —, a dupla diz que depende do projeto, mas que, no geral, o brasileiro possui um potencial enorme para quebrar padrões e chamar a atenção do mercado. Entretanto, é necessário dar a essa sonoridade brasileira algo que possibilite uma escuta universal.
O êxito em criar trilhas musicais memoráveis e exportáveis trouxe para Gustavo e Ruben segurança ao participar de concorrências internacionais. “Hoje não precisamos nos apresentar ou mostrar o portfólio antes de entrarmos. Em Los Angeles, estive na Dreamworks (onde palestrei) e na Remote Control (empresa do compositor e “superstar” Hans Zimmer) e tive acesso a funcionários e áreas que normalmente estariam de portas fechadas. No Festival de Annecy deste ano, participamos de um evento chamado Meet the Composers por meio do qual produtores e diretores de animação do mundo inteiro falaram de seus projetos”, finaliza Ruben.
Assista ao trailer do filme:
“Tito e os Pássaros” conta com a produção executiva de Daniel Greco e Felipe Sabino. Ainda sem data de estreia, a animação continua a receber reconhecimento em festivais do mundo inteiro.